sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11)


Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11)

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A família de Marta, Maria e Lázaro representa a comunidade dos que acreditam e seguem a proposta de Jesus. É a imagem da nossa comunidade. Para isto, nos espelhamos no jeito de ser de Jesus com aquela família de Betânia. Entre Jesus, Maria, Lázaro e Marta existe uma amizade muito especial. Naquela família/comunidade de Betânia vive-se o sonho de Deus para todos os seus filhos e filhas.

Jesus fica sabendo que seu amigo Lázaro está doente e que, dois dias depois, já estava morto. Jesus dirige-se a Betânia. Ir à região da Judéia significa expor-se ao perigo de morte já prometida pela elite de Jerusalém. Por isso, os discípulos mostram sua solidariedade: “Vamos nós também pra morrermos com ele”.

Chegam a Betânia quatro dias depois da morte de Lázaro. O quarto dia representa o fim de todas as esperanças. É o início da decomposição do cadáver. Marta e Maria estão em profunda tristeza.

Para Jesus, porém, a morte tem um outro sentido que ele quer revelar. Ele afirmara que Lázaro está dormindo. Os discípulos não conseguem compreender. Eles fazem parte do grupo que considera a morte como barreira intransponível.

Marta, ao encontrar-se com Jesus, reacende as esperanças. Ela acredita na ressurreição no último dia. Mas, Jesus se revela como Luz e Vida plena já para esta vida e para após a morte. Marta corre ao encontro de sua irmã.

Maria chora desconsolada, fechada em sua casa que lembra a morte, a tristeza. Ela deve sair daí para poder encontrarse com Jesus. Ele não vinha para dar pêsames, e sim para resgatar a vida.

Lázaro está morto. Ele faz lembrar muitas comunidades que se acomodaram e não transmitem mais vida. Jesus chora. Seu amor é compassivo e solidário. Mas seu choro pode ser pela realidade de morte provocada pelo egoísmo de homens que só pensam em seus interesses.

As pessoas que vêem Jesus chorar comentam: “Vejam como ele o amava”. Outros comentam: “Ele que abriu os olhos do cego, não poderia ter impedido que este homem morresse?”

Jesus, junto ao túmulo, fala: “Tirem a pedra”. E, após dirigir-se ao Pai, fonte de toda vida, Jesus grita bem forte: “Lázaro, saia para fora”... E a vida se refaz diante da palavra de Jesus. Ele sai do túmulo com os braços e pernas amarrados e o rosto coberto. Jesus ordena que as pessoas presentes o desamarrem para ele poder andar.



Quem acredita se compromete

Este sétimo sinal quer comprometer todas as pessoas a se movimentarem para promover a vida. Os discípulos acompanham Jesus. Marta o acolhe e torna-se missionária junto à sua irmã Maria, transmitindo-lhe a Boa Notícia da presença de Jesus. Marta leva consigo os judeus na direção de Jesus. E todos se dirigem ao lugar onde está Lázaro enterrado. Junto com Jesus, testemunham a ressurreição e devem ajudar Lázaro a libertar-se totalmente das amarras que o impedem de andar com as próprias pernas.

Neste sétimo sinal estão presentes todos os demais sinais. Ao libertar o ser humano da morte, Jesus se revela como o caminho da superação de tudo o que impede uma vida livre e feliz. Este caminho pode ser trilhado por todas as comunidades que acreditam firmemente naquilo que Jesus revelou a Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em mim, mesmo que morra, viverá... Você acredita nisso?”

A ressurreição de Jesus provoca reações diferentes entre as pessoas: Há pessoas que o acolhem e defendem a vida (seguem a Luz do mundo) e outras que o rejeitam e tramam a morte (seguem as trevas).

Quem conhece a Jesus não pode mais ficar no “meio termo”. Ele provoca a pessoa a uma tomada de posição. Os judeus que viram o que Jesus fizera acreditam nele. Outros, porém, o denunciam ao Sinédrio que vai condená-lo à morte. Aquele que doa a vida é condenado à morte por defender a vida, e justamente, em tempo de festa da Páscoa.

Uma casa perfumada (12, 1-11)

Jesus dirige-se à casa de Lázaro, Maria e Marta, onde lhe oferecem um jantar. Marta está servindo e Lázaro está à mesa com os convidados. Em certo momento, Maria toma quase meio litro de perfume caríssimo e unge os pés de Jesus, enxugando-os com os cabelos.

A cena sintetiza praticamente toda a primeira parte do nosso evangelho. Os três irmãos são o retrato da comunidade cristã: uma comunidade de amor que gera relações fraternas entre todas as pessoas. A refeição é o símbolo da partilha da vida e dos bens. Os três irmãos representam os diversos modos de ser discípulo e discípula de Jesus.

Lázaro, que esteve morto, pode representar as pessoas que, pela graça de Deus, encontraram o caminho da conversão e da vida verdadeira. Agora partilham da vida de Jesus e comem com ele.

Marta é servidora, isto é, exerce a diaconia. Lembra todas as pessoas que atuam na comunidade nos diversos ministérios.

Maria simboliza o grande e íntimo amor que as comunidades nutrem por Jesus.

Jesus é o esposo que caminha junto, ama gratuitamente e acolhe o amor das comunidades.

Judas Iscariotes julga o gesto de Maria, sob o ponto de vista economicista: este dinheiro poderia ajudar os pobres. Porém, suas palavras soam falsas. Ele é chamado de ladrão porque retinha para si o que, por direito, pertencia a todos. Judas revela a atitude de muitas pessoas que não aderem ao espírito da partilha e pensam apenas em seus próprios interesses.

Sair ao encontro de Jesus entrar no seu caminho (12, 12-50)

O povo está em Jerusalém para celebrar a festa da Páscoa. Sabendo que Jesus se aproxima da cidade vão ao seu encontro, reconhecendo-o como rei que salva.

Sair da cidade e ir ao encontro de Jesus é a atitude de quem não aceita a opressão dos grandes da cidade. É preciso sair deste lugar que oprime e mata.

Jesus monta num jumentinho e entra na cidade como entravam os pobres peregrinos. Destituído de poder, Jesus vem reunir e salvar o povo. Vem reunir e salvar também os estrangeiros, representados pelos gregos.

O caminho de vida e salvação, porém, não é aquele esperado pela multidão. Jesus não é um chefe político que busca um trono para aparecer e dominar. Ele é servo do Pai a serviço da vida dos pobres. “Não vim para condenar o mundo, mas para salvá-lo”. Para isto, escolhe o caminho do amor que doa a vida na liberdade. Faz-se grão de trigo que cai na terra e morre para produzir muito fruto.

A sua morte será a superação de uma sociedade injusta e início de uma vida plena.

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