quinta-feira, 1 de abril de 2010

ORAÇÃO DE JESUS NO HORTO



«E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora.
E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres.» (MC 14, 35-36)

1. Com Pedro, Tiago e João, Jesus entra no Horto das Oliveiras. E, um pouco afastado destes, reza prostrado em terra. Escolhe a companhia do Pai para estes momentos tão duros. Com a oração, lutará contra as últimas tentações da sua vida. Uma oração perseverante e fervorosa...
Cristo convida também os seus discípulos a rezar. A vigiar. A ter cuidado com o mundo...

2. "Pai, se é possível, afasta de mim este cálice." Momentos antes, num cenáculo, Jesus estava radiante de alegria. Agora, reflexa uma grande alteração. Uma amargura infinita dentro de si... Sabe o que terá de passar nas próximas horas. Um beijo traidor, umas negações, fugas dos discípulos, uma flagelação, o povo contra Ele, a subida ao Calvário, a crucificação, a morte entre dois criminosos...
Jesus fez-se homem como nós. Jesus soube o que é estar abandonado e ser negado pelos mais próximos. Ser fiel ao bem e receber o mal como troca. Mas, apesar de tudo, confia no Pai. Dá vida ao "Pai Nosso"; dá o exemplo com a vida... seja feita a Vossa Vontade...

3. A oração de Jesus é rica e deixa-nos exemplo para a vida... é uma oração no silêncio e longe do ruído, sem ocasiões de distracção. Uma oração por terra, de confiança total no Pai. De entrega total ao Pai. De grande amor ao Pai. Jesus nega-se a si mesmo. Deixa tudo nas mãos do Pai.
"Seja feita a Vossa Vontade, ó Pai".


A AGONIA DE JESUS NO HORTO

«E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chäo.» (Lc 22, 44)

1. Uma noite bastante dura para Jesus, ainda por cima está só. Mas é neste momento de grande solidão que nos dá o verdadeiro valor da oração perseverante e a importância de nos entregar-mos aos braços do Pai.
Cristo sente o que um homem normal sente. Vê os amigos a dormir. Vê o fracasso da Cruz. A vitória dos inimigos. Apesar de tudo não desiste da oração. E chama a Deus de Pai. Parece que Deus não o ouve. Parece que não quer saber do Filho. Não o ajuda. Mas, na realidade, esta oração foi toda atendida: o seu martirio será a salvação dos homens; a sua obediência dará a ressurreição.

JESUS É PRESO

«E logo, falando ele ainda, veio Judas, que era um dos doze, da parte dos principais dos sacerdotes, e dos escribas e dos anciäos, e com ele uma grande multidäo com espadas e varapaus.
Ora, o que o traía, tinha-lhes dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é; prendei-o, e levai-o com segurança.» (Mc 14,43-44)

1. Os Evangelhos são bastante directos e não exaltam Jesus no momento da sua prisão. Afinal Jesus não é um herói?!
Os discipulos ainda dormem. Jesus tem de os acordar e depois dirige-se a Judas. Judas beija-O. O beijo... sinal de amor convertido em sinal de traição.
E Jesus não faz nada a Judas. Aceita a traição, vendo o interior negro do antigo discipulo. Chama-o de amigo. Tenta, pela última vez a sua conversão. E tenta pelo amor. "Amigo". Judas, em pecado, foge. Coração de pedra.

A FLAGELAÇÃO

«Pilatos, pois, tomou entäo a Jesus, e o açoitou.» (Jo 19,1)

1. A flagelação era um suplício horrível e cruel, reservado unicamente aos escravos. Atam Jesus a uma coluna, desnudado e tratado como uma besta.
Os golpes caiem com extremo rigor sobre a carne de Jesus. Abrem feridas profundas e o sangue corre em abundância. E o sangue banha o corpo e o chão. Os verdugos animam-se e parecem feras excitadas com o sangue. Não dão descanso e descargam golpe após golpe. O Mestre Paciente não pode conter os gemidos de dor...

2. O Filho de Deus, apesar de tudo, continua a amar-nos. Sofre por todos os pecados. Sofre tormentos fisicos e morais. Por mim.
E dá-nos o exemplo, deixa-nos uma grande lição: Jesus mostra-nos a gravidade do pecado, principalmente da impureza. Como é importante lutar contra a nossa própria carne...

O discipulo de Cristo deve lutar e fazer qualquer sacrificio para resistir às tentações do mundo... quantos cristãos lutam contra si mesmos, negam-se a si mesmos? Somos Templo do Espirito Santo (I Cor 3,16).


«E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. » (Lc 23,33)

1. O caminho doloroso de Jesus termina no alto do Monte Calvário. O mais dificil do dia vai agora começar. Um suplicio tão terrível e inumano, que durante três séculos os cristãos não se atreveram a representar a cena. É a hora da crucificação.

2. O tronco vertical da cruz é fixado no solo. Preparam-se também os cravos e tudo o demais necessário.
Jesus, cansado, está no chão. Ele que não se valeu da sua igualdade com Deus, fez-se homem e tomou a condição de servo. Não usou o seu título de Deus, mas passou por um de tantos. O Filho do Homem entregue à Sua Criação.
Obediente até à morte, abre os braços. Com rapidez e precisão fica preso ao patíbulo. O corpo estremece e a dor é imensa.
De seguida, levantam o madeiro, com Jesus cravado nele, para ajustá-lo ao tronco principal.
Os pés são cravados. O corpo sente a dor extrema.

3. No alto, o peso do corpo descansa sobre o cravo dos pés. O sofrimento é intolerável. O coração bate numa velocidade máxima. Jesus respira com dificuldade. Tem o corpo em tensão. Sangue a escorrer pela cara e pelos cravos.
Todo o corpo em sofrimento. Quase asfixiado.
Um Homem inocente que morre por mim.
Um Homem que nos deixa uma lição de vida. Temos que nos crucificar a nós mesmos. Não bastam as lágrimas. Cristo crucificado por mim. Eu crucificado por Cristo: dando morte ao meu pecado, crucificando os meus sentimentos de prazer imediato, de consumo, de sexo, de loucura, de droga, de bebida, de fumo, de comer...

PAI, PERDOA OS QUE ME CRUCIFICAM

«E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque näo sabem o que fazem.» (Lc 23,34)

1. Aos pés da Cruz está um grupinho de gente que insulta Jesus. Burlam-se dEle... sacerdotes, escribas, anciãos... Blasfemam e gritam.
Até mesmo um dos crucificados com Ele! "Não és tu o Messias? Salva-te a ti mesmo e a nós" (Lc 23,39).
Todos provocam Jesus. Todos o humilham.
Apesar das dores de morte, Ele não os condena. Não pede justiça a Deus. Não pede que lhes caiam raios e trovões. Não pede um diluvio nem uma praga de insectos.

2. Os lábios do Cristo abrem-se e escuta-se: "Pai, perdoa-os: não sabem o que fazem".
Jesus implora o perdão a Deus. No Calvário, onde reina o ódio e a morte, Jesus responde com o amor e com a vida.
Jesus pregou o amor e o perdão toda a sua vida. Mais uma vez, nos últimos momentos de vida, leva os seus ensinamentos à prática. Mostra até onde deve chegar o amor. Melhora o "amai a Deus e a todos os homens como a vós mesmos" por "amai a todos, até dar a vida por todos. Bons e maus".
Responder a mal com bem. A perdoar as ofensas. A pedir por aqueles que nos mal tratam. A perdoar os que nos perseguem.

3. Deus perdoa mais de sete vezes sete. Para que nós também perdoemos mais de sete vezes sete. Deus perdoa-nos pelo nosso arrependimento sincero e pelos méritos de Jesus Cristo. E à imitação de Cristo tenho de perdoar a amigos e inimigos, a bons e maus. Quem sou eu para julgar o outro? Assim serei julgado por Deus...
Certamente não é fácil perdoar, amar os inimigos, pedir por aqueles que nos criticam e caluniam. Os nervos nervos acendem facilmente. O espirito perde a serenidade. Só com a ajuda de Deus e a firme vontade de ser verdadeiramente Cristão, conseguirei resistir ao orgulho ferido, calar o sentimento de vingança e raiva e a grande vontade de responder insulto com insulto, mal com mal, bofetada com bofetada.

Custa calar, sorrir ao inimigo, cumprimentar quem me ofendeu, perdoar o outro. Sim, custa! Mas, bem aventurado aquele que compreender esta "Sabedoria da Cruz".

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